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Algoritmo

May 24, 2023

Existem muitos materiais de construção que sofreram alterações mínimas desde o seu início no campo da arquitetura. No entanto, isto não significa que estejam desatualizados, mas sim que as suas qualidades e simplicidade os tornam materiais altamente versáteis e demonstram também a resiliência e durabilidade de materiais que resistem ao teste do tempo. Exemplo disso é o tijolo, um material atemporal que soube se adaptar ao longo dos anos, servindo funções como paredes, revestimentos, pisos, entre outras. Sob esta premissa, Louis Khan referiu-se às possibilidades expressivas do tijolo, afirmando: “Até um tijolo quer ser alguma coisa.

Graças ao avanço das novas tecnologias aplicadas aos materiais, surgiram propostas disruptivas que convergem em novos sistemas construtivos. Em muitas ocasiões, estas novas tecnologias são combinadas com materiais considerados “tradicionais”, gerando novos conceitos nos quais materiais como o tijolo encontram novas aplicações e possibilidades. Um desses novos conceitos é o Flexbrick, um têxtil cerâmico com sistema industrializado que combina folhas flexíveis para envolver espaços arquitetônicos. Isto abre novas possibilidades para aplicações na vanguarda da revolução da arquitetura paramétrica, utilizando um material flexível, adaptável e sustentável.

O mundo da arquitetura está passando por mudanças dinâmicas graças às novas tendências, como a arquitetura paramétrica. Esta abordagem inovadora ao design, impulsionada pelos avanços tecnológicos em materiais e software, está a transformar a forma como concebemos e construímos edifícios. É importante ressaltar que a arquitetura paramétrica vai além da associação tradicional com estruturas curvilíneas. Sua essência está em aproveitar algoritmos e softwares para criar estruturas e materiais responsivos e adaptativos por meio de práticas que primam pela flexibilidade, customização e sustentabilidade na construção.

O design modular dos sistemas Flexbrick e a sua gama de peças personalizadas permitem uma fácil adaptabilidade e flexibilidade, tornando possível criar edifícios que se adaptam a qualquer ambiente. Estes sistemas oferecem diversas vantagens em relação aos métodos construtivos tradicionais, seja em elementos estruturais, sistemas de cobertura, pavimentos ou fachadas.

Além das contribuições estéticas, o Flexbrick se destaca pela capacidade de agilizar o processo de revestimento de qualquer superfície. É um tecido de grande formato, podendo atingir até 20 metros, composto por pequenos elementos que tradicionalmente eram instalados individualmente. No entanto, estão agora disponíveis em formatos expansivos capazes de revestir pavimentos e paredes de forma eficiente. Quando aplicado em fachadas, oferece uma vantagem financeira significativa ao eliminar a necessidade de perfis comuns para fixar ou alinhar os elementos. Isto é conseguido porque os elementos são alinhados verticalmente usando seu próprio peso, resultando em economia de custos com materiais adicionais. Além disso, se forem utilizadas tiras mais longas, o tempo de instalação é significativamente reduzido.

As peças de tecido cerâmico são confeccionadas por um sistema industrializado baseado em uma tela de arame de aço entrelaçado, que é encerrada em um mosaico de telhas cerâmicas empilhadas em faixas horizontais e verticais. Sua principal vantagem é oferecer aos arquitetos e designers um material milenar em um novo formato que valoriza a tradicional instalação manual peça por peça. Por ser altamente flexível, o tecido pode ser dobrado em paletes para armazenamento e transporte, ocupando espaço mínimo e facilitando a movimentação. As tiras longas tornam a instalação fácil, rápida e econômica.

Um excelente exemplo da versatilidade dos sistemas têxteis cerâmicos é o Pavilhão Opportunity para a Expo 2020 Dubai, projetado pelo escritório de arquitetura kuwaitiano-espanhol AGi Architects. Durante a sua produção, o biogás foi utilizado para evitar emissões de CO₂, demonstrando uma abordagem ambientalmente consciente e a integração de práticas sustentáveis ​​na arquitetura paramétrica. Uma camada cerâmica cobre o piso e as fachadas do pavilhão, criando a ilusão de que a estrutura está envolta em um tapete de terracota. Este projeto não só acrescenta um importante toque estético, mas também enfatiza os espaços públicos do pavilhão e a forma como as pessoas circulam e interagem no seu interior.